(trancrevo uma página deste livro, que me deu imenso prazer ter lido)
O táxi imobilizou-se sem desligar o motor, enquanto o chofer desembrulhava um rebuçado para a tosse numa trovoada de papel, as pessoas abriram em silêncio uma espécie de alas até à porta da casa, as viúvas calaram-se por momentos fixando-o com o agudo verniz de pássaro dos olhinhos, o senhor do suor, de risca do cabelo na orelha, tirou respeitosamente o chapéu, e o tio surgiu no vestíbulo, com um casaco de gola levantada sobre a camisola interior, a abotoar a breguilha das calças em equilíbrio sobre os chinelos de verão.
- Vimo-nos gregos para a enfiar no automóvel , contou o soldado a abrir e a fechar a caixa de fósforos num meio sorriso gasoso: o meu capitão não calcula o peso que aquela velha tinha. E depois sobrava constantemente um braço, ou uma perna, ou uma cabeça, foi um sarilho de todo o tamanho para a entornarmos no assento: se os gajos dos refrigerantes não colaborassem ainda a esta hora lá estávamos.
Mas coube de facto a família inteira, ele e a Odete atrás com a doente, a molhar-lhe a nuca com um pano húmido, e o dono das mudanças Ilídio à frente, de suspensórios caídos ao longo das calças bambas, junto ao chofer que arrancou de um pulo, quase atropelando o rapaz da taberna que comentava minuciosamente a infelicidade para dois soldados estupefactos. Virou-se e distinguiu pelo vidro o beco que se desvanecia no escuro, enquanto o garoto, postado no meio da calçada, ultrajado, lhe enviava a duas mãos caralhadas frenéticas.
- Está viva?, perguntou, inquieto, o chofer de táxi ao tio, a tocar por precaução na figa de chifre do espelho. É que se não está perco um tempo do caneco no hospital, a dar o nome, a mostrar os papéis do carro, a sacudir-lhes o alvará no nariz, a aturar o polícia da entrada.
A Dona Isaura, atravessada em cima de nós, assobiava como uma vaca em coma, e estrebuchava de quando em quando furando-me os ossos da barriga com a aresta aguda do cotovelo. A Odete, comprimida entre a mãe e a porta, escoceava uma nádega gigantesca para lograr respirar, e a cabeça grisalha da enferma oscilava como um chinês de porcelana rente ao tapete do táxi.
- Viva?, exclamou o tio com um murro de protesto no peito, que lhe provocou de imediato um acesso de tosse. A gente só a leva ao hospital de carro a analisar o chichi, percebe?, é uma mania aqui do bairro que nós temos.
Este é um anúncio público para todos que querem vender um rim, temos pacientes que precisam de um transplante de rim, por isso, se você estiver interessado em vender um rim, por favor entre em contato conosco em nosso e-mail em iowalutheranhospital@gmail.com
ResponderEliminarVocê também pode ligar ou escrever para nós no whatsapp em 1 515 882 1607.
OBSERVAÇÃO: Sua segurança está garantida e nosso paciente concordou em pagar uma grande quantia de dinheiro para qualquer pessoa que concordar em doar um rim para salvá-lo. Esperamos ouvir de você, para que você possa salvar uma vida.