segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Amália

Fui ver a exposição sobre a Amália Rodrigues, no Museu da Electricidade.

Não levem a mal o que vou relatar mas, ao entrar, experimentei a sensação exactamente igual à que me invade quando vou visitar a campa do meu pai ao cemitério.

Não sei explicar, mas o facto de mirar objectos pessoais, neste caso jóias, e vestidos que uma pessoa usou e que já morreu, é algo tétrico e que me aflige.

Na mesma tive esta sensação, na exposição sobre a Maria Callas.
Eram muitos mais os objectos pessoais expostos e lembro uma carta sua aos empregados, com ordens explícitas em como deveriam tratar o seu marido, e patrão, quando ela viajou em digressão para um país qualquer.
Recordo entre inúmeras ordens, uma delas: Tratar e atender o senhor Meneghini com toda a cordialidade e respeito. Era mais ou  menos assim.


Talvez por serem pessoas contemporâneas cujas mortes foram relativamente recentes, sei lá a razão de sentir isto.

Quanto ao fado, sinceramente, não apareceu ainda nenhuma fadista que chegue aos calcanhares da Amália. 
Dentro de outro estilo quem mais aprecio é a Ana Moura, pela sua voz rouca que dá muita sensualidade ao fado.

Quanto à Marisa, considero um bluff total, com uma máquina brutal de marketing a apoiá-la. A sua voz é de cantadeira de revista.
Depois de muitas aulas de canto, ganhou uma voz potente e sem sentimento.  Tem uma voz estilo Celine Dion, quanto mais se ouve mais de detesta. 
Sorry, é a minha opinião.

Um fado da nossa Amália

Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.
Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos.
Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.

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