domingo, 12 de agosto de 2012

A minha mãe

Ela tem 98 anos.
Muitas vezes diz que nunca sonhou viver tanto assim.
Desde há dez anos sente-se aprisionada num corpo que não acompanha a rapidez do seu cérebro. Esquece-se disso e tenta levantar-se rapidamente ou correr, não conseguindo. Serenamente e sempre, ela sorri resignada.
Durante toda a semana anseia pelo Domingo. De manhã apanha um táxi e lá vai ela à missa, sózinha como gosta.

A primeira imagem que tenho retida da minha mãe, foi com dois anos de idade. Recordo vê-la de costas, tocando piano e vestindo um robe verde.
O meu amor por ela é incomensurável.

Foto de 2011

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Avós maternos


Encontrei-me com os meus avós maternos três vezes em toda a minha vida.
Conheci-os pela primeira vez aos 5 anos, mais tarde vi-os aos 8 e por fim aos 12. 
A razão desses encontros espaçados prendia-se pelo facto dos meus avós viverem na região de Braga e, há cerca de 50 anos, uma viagem de Lisboa a Braga demorava cerca de 8 horas. Eram 350 kms de tremenda canseira.
O meu avô António quando novo era o que se chama actualmente de engenheiro agrónomo, e a minha avó Catarina era dona de casa, da qual ainda recordo a sua voz doce.
Ambos faleceram muito velhinhos em perfeita saúde mental, ela perto dos 90 e ele com 94.
Quando jovens eram um casal bonito e quando se casaram, a festa de casamento foi um acontecimento extraordinário na terra, em que ambos românticamente foram transportados para a igreja numa caleche puxada a cavalos brancos, toda decorada com flores e laços da mesma côr.
Hoje, pensei nos meus avós maternos. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Visitas que se prolongam

Estou exausta! 
A minha resistência vai em 11 dias de desarrumo e sujidade inusitada, que estão a pôr os meus neurónios em curto circuito. 
Choca-me a falta de sensibilidade e egoísmo extremo de pessoas que se dizem amigas. Não haver o menor cuidado quando em casa alheia, com descuido no asseio mínimo particularmente no WC. Não estou a exagerar quando digo que a sola pega no chão da cozinha. Como é possível isto acontecer de um dia para o outro?
Queixo-me à laia de aviso na esperança de ser entendida para que tenham mais cuidado.
Não entendem?!?
Vão entender quando quiserem voltar e a porta não abrir.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

467 dias depois

Há tanto tempo que não vinha aqui. 
Tanto se passou na minha vida nestes últimos 467 dias. 
Foram mais os baixos que os altos mas vou sobrevivendo sem fazer grandes exigências e sem pressas. 
Os problemas em parte resolveram-se mas um persiste pela famigerada crise que não me deixa vender uma casa de campo. 
Nestes últimos 467 dias, conheci pessoas fabulosas e outras tremendamente interesseiras que me cansam pela insistência. Mas caramba será que ninguém se desenrasca sozinho sem ter de massacrar os outros. 
Sou mais o estilo "bicho do mato" com tendência ao isolamento, mas apesar disso consegui preservar amizades de décadas. Isto das tecnologias de informação facilita imenso e mantém os contactos sempre frescos mesmo que não nos vejamos por anos e anos.
Esta história do isolamento tem muito a ver com os trabalhos que tenho tido, como única funcionária trabalhando completamente sozinha durante horas. 
Acho que vou voltar aqui. 
Gosto de saber que existe sempre alguém que nos lê, mesmo quando não há nada de especial a contar.
No final passamos sempre uma mensagem e que a minha seja sempre benigna que faça que voltem cá para  "ver-me".
Obrigada pelas visitas.