Em Kinshasa, o berço da rumba congolesa, 200 membros de uma congregação da igreja local conseguiram criar uma orquestra sinfónica para levar Handel, Mozart e Beethoven ao coração de África.
Eles são uma mistura heterogénea de costureiras e lojistas, alunos e estudantes, cabeleireiros e funcionários públicos, fazem todos parte de uma orquestra que aborda as grandes obras da tradição clássica ocidental.
Nos seus fatos e vestidos de cetim negro, têm vindo a a melhorar o seu desempenho para aumentar a sua aclamação, desde que foram formados há 16 anos.
“Em África e mesmo no mundo, nunca irão ver uma orquestra como a nossa, consistindo inteiramente de negros", proclamou Armand Diangienda, director musical da Orquestra Sinfónica Kimbanguista , que ajudou a fundar em 1994.
"É uma orquestra de amadores", acrescentou, "mas não é apenas uma orquestra que pode tocar Beethoven e Mozart." disse Diangienda, de 46 anos, que é neto de Simon Kimbangu, fundador da Igreja Kimbanguista, com cerca de 10 milhões de seguidores na República Democrática do Congo com uma população de 60 milhões.
O público destes músicos consiste principalmente de pessoas brancas atraindo também maestros estrangeiros, alguns dos quais fizeram a viagem até as margens do rio Congo, para conduzi-los em concerto.
Tendo começado com apenas uma dezena de músicos, incluindo cinco violinistas, agora o seu número é um record, os líderes da Orquestra Sinfónica Kimbanguista não esperavam que a orquestra "assumisse estas proporções".
Um documentário intitulado "Kinshasa Symphony", feito na capital, no Verão e no Outono de 2009 pelos directores alemão Claus Winsmann e Martin Baer, está a ser divulgado no Festival de Berlim.
O filme mostra o quotidiano de alguns dos 185 músicos instrumentais e dos 110 elementos do coro, incluindo ensaios e como eles conseguem conciliar a sua paixão com suas actividades profissionais.
"Os músicos não vieram aqui para ganhar um salário, mas sim para glorificar Deus", disse Armand Diangienda, maestro e músico autodidacta, fã da Orquestra Filarmónica de Berlim.
"Os músicos não vieram aqui para ganhar um salário, mas sim para glorificar Deus", disse Armand Diangienda, maestro e músico autodidacta, fã da Orquestra Filarmónica de Berlim.
Segundo Diangienda, que conduziu a Nona Sinfonia de Beethoven e a valsa Danúbio Azul de Strauss, "a música clássica é uma maneira de expressar a nossa alegria e as nossas desgraças." Algumas pessoas, como a corista de 40 anos Angele Yala, dizem que ganham das sessões musicais "motivação espiritual".
Entre os dois ensaios da "Hallelujah Chorus" de "O Messias de Handel," a colega Aurelie Bode, que passou 13 de seus 27 anos cantando no coral, declara: "É só a morte que me irá separar da Orquestra Sinfónica Kimbanguista”.
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