terça-feira, 24 de novembro de 2009

Impostos devem aumentar em 2010

Diz Victor Constâncio após a sua análise, ao estilo que nós já conhecemos.

Entretanto li o seguinte:
"Numa economia que já paga de impostos 40 cêntimos por cada euro gerado de riqueza, qualquer acréscimo representa um peso brutal."

É obra o que nós portugueses aguentamos.

Nada mudou desde 1896 em que Guerra Junqueiro escrevia sobre os portugueses:

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas
é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem onde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,  e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso
da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras,  sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre - como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"

1 comentário:

  1. Um bom retrato de Portugal , que não muda com o tempo.
    Em relação ao Victor Constâncio pode ser que vá para o Banco Central Europeu.

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