sexta-feira, 13 de novembro de 2009

António Variações

Ontem foram a leilão diversos objectos do António Variações e fiquei curiosa  em saber quem ganhará com isso. Quem guardou religiosamente estes objectos para daí a uns aninhos ganhar umas massas?


Se o António Variações fosse vivo faria 65 anos em Dezembro.

Considero que foi um dos primeiros excêntricos e homossexual assumido português. 
Pessoa que sem grande formação mas de grande inteligência, foi genial nas canções que escreveu.
Aquela voz não agradava a todos, mas ele era diferente e por isso teve tanto sucesso.
Foi desgraçadamente um dos primeiros e oficialmente conhecidos doentes do SIDA em Portugal.
Dessa maldita doença não se sabia muito, e nessa década dos anos 80 começava-se a falar  no mundo sobre um vírus que ia debilitando jovens até à morte, em curto espaço de  tempo.
As pessoas tinham medo do contágio pensando que contraíam a doença com um simples aperto de mão. Infelizmente ainda há quem pense assim.
Quando o António Variações adoeceu e foi internado, falava-se que foi isolado num quarto do hospital, permanecendo quase sempre só, e a única pessoa que permitiam  que o visitasse era a sua mãe.
Ninguém merece um fim assim. 



Tu estás livre e eu estou livre
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos

Tu estas só e eu mais só estou
Tu que tens o meu olhar
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua não deserta

Vem que o amor
Não é o tempo
Nem é o tempo
Que o faz
Vem que o amor
É o momento
Em que eu me dou
Em que te dás

Tu que buscas companhia
E eu que busco quem quiser
Ser o fim desta energia
Ser um corpo de prazer
Ser o fim de mais um dia

Tu continuas à espera
Do melhor que já não vem
E a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém

E eu sou melhor que nada

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