sábado, 10 de outubro de 2009

Carnaval no Rio de Janeiro

Com imensa piada um amigo, que desfilou no Carnaval no Rio, fez a sua narração pormenorizada desse acontecimento, isto em 2001. 
(Espero que não seja levada a mal alguma da linguagem utilizada)



       Por volta das 18,00 de domingo la me arranjei e fui pegar o 'van' para me levar para o sambódromo. No caminho para o local de encontro do 'van' como a minha fantasia era pequenina, toda a gente me perguntava qual a escola que eu ia desfilar, só rir! 
       Bom, quando cheguei ao sambódromo tinha uma dificuldade considerável, onde é que iria guardar a fantasia enquanto eu assistia ao desfile das escolas!! Bom, lá perguntei onde poderia guardar a fantasia, mas as primeiras 4 pessoas com quem falei disseram que não havia sitio nenhum para guardar fantasias. Bom, mas como no Brasil isso não quer dizer nada, lá consegui convencer um fulano para me deixar guardar a fantasia na sala da organização da 4a arquibancada....
    Seguidamente, quando cheguei à 4a arquibancada, todos os lugares da frente estavam ocupados, e então pensei eu para os meus botões (eu vou ficar de pé mesmo, portanto vou lá para os 1os lugares à mesma), Quando lá cheguei estava lá a excursãozinha toda da Expo parte 2 que tinham estado na fila desde as 3 da tarde e que estavam prestes a dar-me uma coça!!! Lá eu tive que fazer o meu ar mais inocente e estrangeiro possível para ver se saia dali sem muletas, e lá assisti ao desfile das escolas.
    De facto os brasileiros vibram imenso com o Carnaval. Para eles é uma questão de orgulho pessoal que a sua escola ganhe. Assim que começava a tocar a música, ainda mesmo sem nenhuma escola à vista o pessoal desatava a sambar no pouco espaço que tinha, uma loucura! Tive uma sorte tremenda porque do sitio onde estava conseguia ver com bastante nitidez todos os desfilantes. Imaginem que vi alguns actores, entre os quais o Miguel Falabella. O comentário quando ele passou era "gente do céu, pode esse homem maravilhoso ser bicha?! Olha só o desperdício gente".
    À 1 da manha eram horas de me por a andar dali para me encontrar com o resto da escola Beija-Flor. Quando fui tentar ir buscar a minha fantasia, um dos seguranças me levou até à sala onde tinha a minha fantasia. É claro que começou o segurança logo a perguntar onde era o encontro da escola, e lá eu lhe disse que era no edifício "balança mas não cai", ao que o senhor logo viu ali uma oportunidade de negócio imperdível, e então vira-se para mim e diz, mas isso é longe para caramba, como você vai chegar lá....ao que eu encolhi os ombros! E vai-se-me daí que me disse para o acompanhar ao banheiro (e eu a pensar: não me digas que este gorduroso quer que eu lhe pague com o corpo para ele me dizer onde fica o raio do edifício!). Quando chegamos à casa de banho estava lá um gajo (segurança da organização), que estava ali mais para o engate do que para trabalhar. Aí foi quando o senhor me propôs o negócio "eu te levo lá, mas tu me dá umas bufunfa", ao que eu deduzi que fosse dinheiro...  
      Pensava o meu mais recente partner que eu estava cheio da grana, mas enganou-se, eu tinha um míseros 1300$00, mas eu é que não lhe disse quanto dinheiro é que tinha, e ele também não exigiu nenhum dinheiro à partida.
No caminho para o referido rendez-vous, dei graças a todos os santinhos por estar com o segurança, pois sentia-me a atravessar uma favela (o que não estava longe da verdade) com cheiros e esgotos e bêbados e etc...Ainda por cima, o que a fulana da agência de viagens tinha descrito como "saindo da arquibancada 4, é logo à esquerda" era só assim uma boa meia hora de caminho por meio de uns caminhos horríveis (e à1 da manha tudo fica mais misterioso...). 
      Quando já tínhamos andado para aí uns 25 minutos, lembrei-me que se calhar não era muito boa ideia enganar o fulano, senão ainda me arriscava a ficar ali estendido no meio do caminho debaixo do viaduto, e lá lhe disse quando ele parou para uma bejeca, que todo o meu dinheiro eram 14 reais, ao que ele ficou muito desapontado, e deu por acabado o serviço de imediato. Giro mesmo foi que como tinha o dinheiro nos calções de banho, e tinha as notas todas enroladas, nem me apercebi que só lhe dei uns 600$00.
      Nesta altura pensei: mas onde é que eu estava com a cabeça quando me deu para desfilar no Carnaval, duvido que algum dia encontre este famigerado edifício, e que alguma vez desfile no sambódromo, se sair daqui com vida já me posso considerar um sortudo! Bom, aí lá eu segui umas pretas gordérrimas com um aspecto de favela enorme, mas com um aspecto inofensivo, lá resolvi meter conversa com uma delas que me disse para a seguir pois o rendez-vous afinal tinha mudado e tinham mandado as pessoas para outra rua, que eu nem sabia o nome! Enfim, uma sorte brutal, já que ao menos já tinha chegado ao sitio onde era suposto estar!!
      Escusado será dizer que quando cheguei ao suposto sitio, não havia ninguém para me dizer o que era para fazer, onde estar a que horas começava, nada, rien...A  única coisa que eu soube pela minha mais recente amiga favelense foi que tinha que encontrar a minha turma com a mesma fantasia que eu..Olhei em redor, e vi todas as fantasias e mais algumas menos o pessoal que ia desfilar comigo. Mais uma vez e graças à nossa senhora dos aflitos, de repente olhei para o lado e vi um pretito com uma fantasia igual à minha, era o marido de uma pretita que ia desfilar na minha ala, e que vinha também com o pai! Nem imaginam a minha alegria! É claro que não desgrudei nem mais um segundo da família pitanga! Ainda que eles soubessem menos do que eu, ao menos não estava sozinho. Sim, porque dado que estava num sitio onde s por ali andavam prostitutas, prostitutos, cães lazarentos, bêbados, gajas a mijar no meio da rua à frente de toda a gente, e aquela família era o que demais seguro eu poderia encontrar! Nem dá para imaginar que cada minuto que eu passava sem ser abordado por nenhum bêbado ou algué m a pedir, era cada minuto que eu rezava a santa joana princesa por toda a sorte do mundo!
     No meio desta podridão toda, viam-se gajões de sunga a mijar no meio da rua para toda a gente ver. Bichonas às resmas de sunga a fazer escarceu no meio da rua, via-se já muita gente com fantasias, e também se viam os carros alegóricos na estrada principal. Um contraste brutal entre fantasias de cores florescentes e com combinações de cores fantásticas, e carros alegóricos lindíssimos, e toda aquela podridão que se via pelo meio da rua. Ali dava para ver com uma clareza enorme, que aquele Carnaval tinha nascido de pessoas muito pobres das favelas, e que sempre tinha sido assim! Aquela gente vive em favelas o ano inteiro, mas aquela é a sua noite de gloria, e não sei como, conseguem por de pé um dos espetáculos mais deslumbrantes do mundo!
      Bem, lá me entreti na conversa com a minha recente amiga Verena, que me disse que nem tinha dormido a semana inteira de tão ansiosa que estava com o desfile.
      Para ela que morava em Nova Iguaçu, quando soube que poderia desfilar na Beija-flor, era estar a realizar um sonho de uma vida inteira!
      Depois de nos vestirmos no meio da rua como toda a gente, lá encontramos a nossa ala!     
      Nem imaginam a quantidade de estrangeiros que como eu pagaram para desfilar no carnaval do Rio! O que mais me custou foi sem duvida as horas de espera para o começo do desfile. Já não podia com a fantasia, e nem estava bem em posição nenhuma! O que valia é que haviam imensas bichonas de fantasia posta que só estavam bem a fazer bichisses, e com as quais eu me fartava de rir!
      As 6,30 da manha lá começamos a dirigirmo-nos para o Sambódromo, e a partir dali já tinha que estar tudo a postos para entrarmos todos nas posições indicadas! Lá nos mandaram alinhar em filas e depois mandaram-nos dar as mãos, tudo para entrarmos todos allinhadinhos!!! 
      Quando a musica começou a tocar, começou-me a percorrer um arrepio pela coluna acima, e lá começamos a desfilar e a sambar! 
      É uma sensação espectacular, olhar para os lados e ver centenas de pessoas a vibrar e a dançar com a musica da minha escola, e eu fazia parte daquele show!!! É espectacular, o pessoal parecia que estava possuído pelos seus instintos mais carnavalescos e toda a gente não parava de dançar e de saltar ao longo do sambódromo. Tal intenso foi o momento, que apesar de ter estado cerca de 1 hora a desfilar, parecia que tinha sido só 5 minutos! Ainda por cima tive a sorte da minha ala estar relativamente próxima da bateria, o que nos fazia sentir a vibração dos tambores e dos outros instrumentos todos, um espectáculo!
      No fim do desfile, mais uma vez voltávamos à realidade crua da pobreza e da favela. Por todo o lado, aquele pessoal que não ia voltar a desfilar deixava as fantasias mesmo ali no fim do sambódromo. Era como uma anti-climax ver muitas fantasias com plumas e tecidos de cores deslumbrantes ali no meio do lixo e da lama e do esgoto, era um contraste enorme!
      Bom, no final eu e a minha amiga Verena tínhamos que encontrar o pai e o marido dela, até mesmo porque eu tinha deixado a minha roupa com eles, e tudo o que eu trazia vestido era parte da fantasia ( e que não era muito, a não ser os calções de banho e uma faixa de plástico transparente com umas plumas). Diga-se de passagem que esperamos cerca de 2 horas junto ao local combinado e nada daquelas entidades. Pois ali estava eu naquele bonito traje de tanguinha e de corpo made in holmes place mesmo à beirinha da favela! Bom, nem sei como nem porque, quando tudo parecia mais uma vez perdido, lá vimos um taxista que nos perguntou se precisávamos de taxi. Pois eu considerava-me a pessoa mais sortuda do mundo. Lá dei boleia no taxi à minha amiga até à estação de trem, e depois lá vim eu para o Hotel mais morto que vivo. 
      Estava acordado haviam 24 horas e não sentia as pernas nem os pés. Só pensava no pequeno almoço no hotel, pois estava morto de fome, e com a minha querida caminha!
      Às 9,30 da manhã lá me deitei, e como tinha dormido muito as 13 horas lá me acordou a senhora da limpeza a dizer que precisava arrumar o quarto...
      Bom, lá fui tomar banho e vesti-me para mais um dia no maravilhoso Rio de Janeiro. Lá pus os pés ao caminho e fui direitinho a Ipanema (o local mais gay que eu já vi). Fui a pé para poder aproveitar a vista maravilhosa do calçadão. Ipanema fica para aí uns bons 40 minutos a pé, mas eu não me importei, a beleza circundante era tal que não me importava com as dores nos pés!
     
PS - A Beija Flor ficou em segundo lugar este ano!!!


O sambódromo à noite



sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Uma canção de dulcíssimo amor...

O melhor concerto que alguma vez assisti foi o do Michael Jackson, em 1992.  O bilhete foi caro mas saí de lá maravilhada.
O intervalo entre as canções era rápido, o tempo suficiente para os cenários mudarem em palco.
Parecia um autêntico filme e nem dava quase para respirar, para não perdermos um segundo daquele show  fabuloso e tão diferente de todos os que já tinha assistido.
O Michael Jackson sempre foi magrinho mas dançava e cantava sem parar e, o grupo de bailarinos era fenomenal.
Aqui vai uma canção, das mais bonitas que ele cantou quando ainda era adolescente. Ele era tão giro.


One day in your life
you'll remember a place
Someone's touching your face
You'll come back and you'll look around you

One day in your life
You'll remember the love you found here
You'll remember me somehow
Though you don't need me now
I will stay in your heart
And when things fall apart
You'll remember one day...

One day in your life
When you find that you're always waiting
For the love we used to share
Just call my name
And I'll be there

(Oh-oh-oh-oh-oh...)

You'll remember me somehow
Though you don't need me now
I will stay in your heart
And when things fall apart
You'll remember one day...

One day in your life
When you find that you're always longing
for the love we used to share
Just call my name
And I'll be there


Um relato minucioso do terramoto de 1755

Carta de um senhor residente em Lisboa, a um mercador em Londres
(excertos da carta retirada do Livro "1755 testemunhos britânicos")
Meu caro amigo

    Presumo que terá sabido, antes que esta chegue a si, do acidente fatal, ou melhor, providência vingadora, que quase destruiu esta cidade e danificou bastante muitos outros locais consideráveis...
    Para que eu possa, contudo, ser tão metódico e exacto quanto possível, começarei por vos dar um breve relato da cidade de Lisboa, como se encontrava antes do recente e terrível terramoto.
    O porto, pela sua situação no oceano ocidental, é um dos mais amplos da Europa: possui grandeza bastante para conter 10 mil navios com comodidade e mesmo os maiores navegam com segurança em frente das janelas do palácio real.
    A cidade situa-se no lado norte do Tejo, sobre sete colinas, muito íngremes em vários lugares. As ruas nas vertentes das colinas são mantidas limpas pelas chuvas, mas as planas são intoleravelmente sujas.
   O clima é quente, mas, sendo moderado por brisas frequentes do mar e rio, torna-se extremamente agradável e saudável. As casas são, na maior parte, velhas e de má qualidade, mas as que foram reconstruídas têm uma  aparência melhor; as da nobreza e pequena nobreza, todas construídas em pedra, possuem beleza e imponência. Existem 25 mosteiros, 18 conventos e vários hospitais grandes...
    A melhor praça em toda a cidade situa-se junto do grande hospital e chama-se Rossio.
    No primeiro de Novembro, 1755, entre as 9 e as 10 horas da manhã, tivemos o terramoto mais violento que talvez jamais se tenha feito sentir na Europa; relatar as consequências deste triste desastre é completamente impossível... Em cerca de cinco minutos o palácio e a maioria dos edifícios públicos foram destruídos; poucas das igrejas ou capelas ficaram de pé e o número de vidas perdidas diz-se ser maior do que 40 mil.
    O palácio do rei está inteiramente destruído, embora felizmente nenhum acidente tenha acontecido à família real, estando eles em Belém à hora do terramoto...
    À hora a que o terramoto começou estava eu a escrever num gabinete, no cimo de um lanço de escadas; senti um abalo surpreendente e, incapaz de adivinhar o que se passava, corri de imediato para a janela, e a primeira coisa que me chamou a atenção foi a esquina de uma casa a cair sobre duas pessoas que iam a passar; isto foi muito mau, mas, menos de um minuto depois, vi a minha mulher e filha (que tinham corrido para a rua ao primeiro abalo) morrerem esmagadas pela queda da parte restante da mesma casa...
    Então, apressei-me o mais que pude para a grande praça, que, sendo um lugar aberto, eu entendi que seria o mais seguro; enquanto eu corria para lá, observei uma das melhores ruas de Lisboa a afundar-se na terra e todas as pessoas nela (que eram, sem dúvida, algumas centenas), devem, por conseguinte, ter perecido. Um lado da rua em que eu vivia desapareceu inteiramente. Em resumo, Lisboa tornou-se um monte de ruínas e os seus habitantes os miseráveis mais infelizes sobre a face da terra! Não temos camas para nos deitarmos e quase nada para comer. Muitas pessoas vivem em tendas nos campos - em geral, os nossos armazéns estão destruídos -. Sua Magestade colocou um embargo em todos os navios, para que as suas provisões possam, nalguma medida, prover às necessidades dos infelizes habitantes do "lugar que foi, mas já não é Lisboa".
    Mal o tremor tinha cessado, um bando de patifes sem remorso começou a pilhar as casas que estavam desertas, pois os habitantes fugiram não sabiam eles para onde, com receio de que os edifícios caíssem sobre as suas cabeças; tão cedo quanto possível, guardas adequados receberam ordens para capturar saqueadores e disparar contra eles em caso de resistência.
    O grande edifício aqui pertencente à Inquisição foi inteiramente destruído pelo primeiro abalo. A terra abriu em vários locais, dos quais brotaram terríveis chamas. Vários navios no Tejo foram quer engolidos pela agitação das águas, quer afundados pela queda do palácio real e outros edifícios situados nas margens do rio.
    Ao mesmo tempo, os vários rios que irrigam o reino subiram a uma altura extraordinária e, inundando as suas margens, provocaram grande dano à região adjacente. As montanhas mais consideráveis neste reino e no dos algarves, particularmente as da Estrela, Marvão, Sintra, Arrábida, Montejunto, etc, sentiram igualmente o abalo. Algumas foram desconjuntadas e bocados delas atirados para os vales. As cidades que mais sofreram foram: Vila Nova de Portimão, Tavira, Castro Marim, Beja, Elvas, Portalegre, Setúbal, Porto, Bragança, etc.
    Nenhum abalo tendo sido sentido desde o primeiro às dez da noite, o rei e a família real aventuraram-se a regressar àquela parte do Palácio de Belém que terramoto poupou e que foi escorada; e um grande número de pessoas está ocupado a escavar as ruínas para recuperar os bens mais valiosos.
    O terramoto foi sentido em Tarifa, que fica a pequena distância do estreito de Gibraltar; e imaginamos que tenha feito algum dano na Fortaleza de Gibraltar, pois os abalos foram muito violentos nessa região de Espanha.
    Acabei de vos fazer, Caro Senhor, o melhor relato do que pude saber deste terrível acontecimento, e sou,
O seu angustiado, mas sincero amigo, e humilde criado.
9 de Nov, 1755



100 imagens do terramoto de 1755: aqui


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

No Cau ..outra vez

Regressei de Alcobaça.

Aquilo lá é lindo mas não consegui permanecer mais que 4 dias, por estar sózinha em casa.
 

Fiz um pouquinho de tudo: dormi que me fartei; fiz 2 sobremesas (doce de natas e maçãs assadas) que comi todinhas; fui a estufas de plantas;  dei de comer aos meus peixes; jardinei; tratei dos meus canários, que cantam maravilhosamente logo pela manhã e passeei com a minha vizinha pelas Caldas da Rainha, que agora também tem um shopping o Vivaci com a junk food e os franchisings da praxe.






De facto estava a precisar de uma fuga,  de abstrair-me da minha vida rotineira.

O descanso foi total e deu para ler um pouco também.

 Aqui mostro umas fotos do meu lago.




Aparece por lá um flamingo em plástico que a minha sobrinha me ofereceu para eu lá colocar.
É folclórico mas foi lá posto com muito amor.



 
Por último uma foto da paisagem que observo de um dos lados da casa.

Uma mata imensa de pinheiros bravos altíssimos, de onde sai a águia que costumo ver diariamente voando em círculos.

Apesar de conseguir vê-la bem com os meus binóculos e saber exactamente o  desenho e recorte das suas asas, ainda não consegui identificá-la pelos portais que pesquiso sobre as águias de Portugal.



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Mini férias


Bem meus amores, vou de férias mas só por uma semana. Entretanto, deixo-vos um poema de um amigo que nunca mais encontrei.





SENSAÇÃO
Tu, Rainha das flores,
vegetação que cobres do frio,
o cume da minha montanha.
Para os meus olhos, és o Sol
a luz, um brilho reluzente em meu peito.
Na minha alma, a tempestade e a bonança,
no meu coração, és a ternura, o divino amor.
És para mim tudo. A noite, o dia.
És tudo! A alegria, por vezes a tristeza.
Tu, estrela que ilumina meus sonhos,
manhã de cristal, que eu não quero
quebrar.
És a minha prisão, feita liberdade.

O Duffy


Este, é o Pato Bravo solitário que tem permanecido num lago, na zona sul do Parque das Nações.
Por ali ficou desde há 2 meses, alimentando-se de pedaços de pão que a minha colega lhe atira. Para conseguir apanhar o pão, tem de concorrer com as carpas gigantes que perseguem-no e até lhe mordiscam as patas para afugentá-lo.
É jovem pois ainda não tem as cores bem definidas. Quando bate as asas as mesmas têm no seu interior penas lindas de um azul escuro intenso. Mas deve ter sofrido algum acidente pois coxeia  da pata direita e é se calhar por isso que se tem mantido naquele local, sózinho sem outros patos para confraternizar.
Depois das refeições de pão, toma sempre uma banhoca.
Chamamos-lhe Duffy.
Estamos sempre há espera de não o encontrar, pois não deve tardar que migre para sul.


Amor

Gostei de ler o que escreveu Fernando Antunes sobre o Amor, no seu livro de poesia "Sensações":

AMOR

No amor é o acto de amar que nos traz as emoções mais curtas, mas talvez por isso mesmo as mais intensas.

Se nos perguntam de repente o que nos fez gostar de uma pessoa que connosco se cruzou, não o sabemos dizer. Talvez o seu aspecto, a cadência e tom de sua voz, a expressão do seu rosto, a cor da sua pele, o perfume que emana do seu corpo, o seu sorriso. Ou tudo isso ao mesmo tempo.

O sexo abre poros e papilas, o corpo perfuma-se com aquele odor que nos faz sentir animais no cio, a pessoa certa num chamamento mudo do olhar convida-nos a saborear, a tactear, a usufruir totalmente o seu corpo.

Os nossos olhos vêem e sonham. É um sorriso límpido num rosto que nos agarrou o olhar e nos obriga a construir a vontade de possuir todo o restante.
Os nossos olhos por norma são selectivos, escolhem um objecto, ou uma imagem que os apaixonou e constroem o sonho.
Por antecipação ou como recordação.

O beijo quase casto à chegada, as mãos que se tocam, a ligeira carícia no rosto, são a antecipação, são o arrepio que percorre a espinha ao pensar no que se seguirá. Tacteando  o corpo, percorrendo todos os recantos, vai-se conquistando o direito a alimentarmos a paixão que se adivinhava.

No amor o alimento é o corpo do outro. A paixão arrasta consigo uma fome que depois de saciada deixa aos verdadeiros amantes a gula do prazer. Chega o tempo do paladar se deliciar em destrinçar os mais diversos sabores.

E que dizer das palavras que devagarinho se vão sussurrando ao ouvido, aumentando de tom à medida que o desejo vai subindo? Palavras ditas com ou sem pudor mas sempre com subtileza descarregando frases de sémen, contribuindo assim para a saúde física e mental.

No amor como na cozinha é através do olfacto que nascem ódios e paixões.

Quando alguém passa por nós, o seu odor pode provocar de imediato uma aversão tão grande, que só nos apetece fugir para bem longe, ou pelo contrário, um chamamento ao qual somos incapazes de resistir.
O cheiro especial que se liberta do corpo dela e nos entra pelas narinas, deixa-nos sem controlo, incapazes de pensar noutra coisa que não seja possuí-la, fazer amor agora e sempre.






quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Conselhos práticos de há 100 anos

Tenho um caderno velhinho velhinho, já meio amarelado do tempo, no qual uma tia avô de minha mãe foi compilando e colando recortes tirados de jornais e revistas da época.


Estes recortes com ideias e conselhos práticos do século passado, dão-nos a oportunidade de voltarmos aos hábitos antigos e já esquecidos de diversos métodos simples de limpeza, restauro e outros, utilizando ingredientes caseiros de que ninguém já se lembra.


Nesse tempo acho que se percebia mais de química. Para se comprar estes ingredientes  recorria-se às Drogarias e faziam-se milagres. Pensando bem, se voltássemos a utilizá-los  de certo estaríamos a contribuir para um planeta mais saudável.

Aqui transcrevo alguns desses conselhos práticos, tal como vêm escritos:


Um processo para copiar desenhos
Extracto de ferro amoniacal ....... 40 gr.
Prussiato vermelho de potássio ... 40 gr.
Água distilada .......................750 gr.
Impregne desta solução o papel onde se quiser reproduzir o desenho, coloque êste sôbre o papel, o qual deverá ser coberto  com uma chapa de vidro.
Ao cabo de 15 a 20 minutos de exposição ao sol as linhas do desenho ficam brancas, em fundo azul ferrête.
Lava-se depois o papel em água, para eliminar os restos do reagente empregado.

Como se torna o calçado impermeável
Cebo.................................... 250 gr.
Banha de pôrco ...................... 125 gr.
Cêra amarela ........................   65 gr.
Essência de terebentina ...........   65 gr.
Azeite de oliveira ..................   65 gr.
Incorpore estas substâncias em fôgo brando. Aplique com um pincel.


Cola para vidro
Aplicar uma solução concentrada de 5 partes de gelatina e 1 parte de bicromato de potassa. Unir os fragmentos e expôr à luz.


Higrómetro curioso
Immerja papel mata-borrão branco no seguinte: clorido de cobalto-10 partes; sal comum-5 partes; clorido de cálcio-1 a 2 partes; gôma arábica-2 a 5 partes. Dissolva tudo em 30 partes de água. Tire o mata-borrão e deixe secar. As diferenças de temperatura, actuando no papel, dão os resultados seguintes:
       Tempo variável
Côr de rosa .......... Chuva
Rosa pálido .......... Muito húmido
Rosa azulado ........ Húmido
       Bom tempo
Azul alfazema .......... Quási sêco
Violeta .................. Sêco
Azul .....................  Muito sêco


Boas experiências!











terça-feira, 29 de setembro de 2009

Anorexia



Houve um período da minha vida, por volta dos 18 anos, em que me senti como que perdida, desconhecendo exactamente o rumo que deveria tomar. 
Resultou que estupidamente e nem sei porquê desisti de estudar e essa decisão acabou por afectar-me psicologicamente, sofrendo grande ansiedade com consequente perda de auto-estima, tendo-me isolado socialmente pela vergonha e pela tremenda desilusão que provoquei aos meus pais. 
A ansiedade e o nervosismo afectaram-se de tal forma que nessa altura emagreci  demasiado e em muito pouco tempo. Cheguei a pesar cerca 45 Kg para a minha altura de 1,74 m. 


Consegui sair desse estado, a que ninguém nem os médicos davam particular atenção, cerca de uma década depois. Penso que sofri de anorexia nervosa, mas com algumas diferenças, porque não passei por alguns dos problemas típicos dessa doença, tal como a preocupação com as dietas. 

Os problemas, que na realidade vivi e coincidem com alguns da anorexia, foram:
  • Perda de apetite, originando perda de 30% do meu peso original 
  • Amenorreia 
  • Uso de roupa larga ou em várias camadas para esconder a perda de peso
  • Isolamento social
  • Dificuldade em concentrar-me
  • Sensibilidade ao frio
  • Pressão arterial muito baixa
  • Hipoglicemia 
  • Fraqueza generalizada
  • Queda acentuada de cabelo

Segundo os entendidos:
"A anorexia nervosa é mais frequente entre as pessoas do sexo feminino (95% dos anorécticos são mulheres) e normalmente tem início durante a adolescência. O indivíduo típico que sofre de anorexia nervosa é um adolescente do sexo feminino de elevado desempenho e uma das características destas pessoas com anorexia nervosa é a tendência para o perfeccionismo e dificuldade de adaptação a mudanças.

Trata-se de um distúrbio alimentar que resulta da preocupação exagerada com o peso corporal, que pode provocar problemas psiquiátricos graves. A pessoa que se olha no espelho e, embora extremamente magra, vê-se obesa e, com medo de engordar, exagera na actividade física, jejua, vomita, toma laxantes e diuréticos.

A anorexia nervosa, por ser uma doença com raízes psicológicas, é difícil de ser tratada. Uma vez diagnosticada, o anoréxico passa por terapia individual, terapia em grupo e terapia familiar. Como a negação do problema é frequente, médicos, terapeutas e familiares precisam ser pacientes enquanto motivam o anoréxico na sua recuperação."

 

Nunca me senti discriminada pela magreza extrema. O único pormenor perturbador era a minha altura por ter dificuldade em encontrar roupa que me servisse. Havia o lado divertido de poder passar por estrangeira, porque quando entrava nas lojas os empregados muitas vezes atendiam-me falando inglês ou francês. 

Encontrei este filme. Faz-nos pensar que esta doença repentinamente pode ser despoletada até nas pessoas que parecem ter tudo: beleza, sucesso e dinheiro.   







segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Viagem a Marrocos


Já fui a Marrocos 3 vezes: uma em excursão e duas de carro. Espero repetir pois é um país que nos marca pelas suas  belas paisagens, diferentes cheiros, música agradabilíssima e o cuscus que gosto tanto. 

Mas principalmente aprecio a gentileza dos marroquinos prontos para ajudar, apesar de haver sempre algo comercial no contexto geral do contacto. São pessoas por um lado com muita apetência para o negócio, falando várias línguas sem terem recorrido a qualquer formação, mas por outro lado muito ingénuas em assuntos que desconhecem, devido à sua baixa escolaridade. Segundo informação da UNDP - United Nations Development, a literacia nos países muçulmanos é de cerca de 40%.

Recordo um dia em que houve um eclipse parcial do Sol e já a contar em ver o fenómeno, tinha levado comigo uns óculos especiais para o efeito, adquiridos numa farmácia. A dada altura, os empregados do Hotel ao verem-me com aqueles óculos, curiosos aproximaram-se. Expliquei o fenómeno e emprestei os óculos para que o vissem. Ficaram espantados quando olhavam o sol com eles postos e logo os tiravam mirando-os de ambos os lados a ver se encontravam algum truque, oferecendo-se de imediato a compra-los.

Em muitas cidades que percorri, principalmente as mais pobres, notei falta de infraestruturas básicas de saneamento, iluminação e outras. Como o poder de compra é muito baixo, grande parte das lojas não têm grande apresentação nem atractivo.

A sua cultura é muito virada para a família e apesar de muçulmanos, muitos já se distanciaram das suas obrigações religiosas, mas continuam a respeitar o Corão. Para os marroquinos, a família é o melhor bem que possuem, demonstrando uma enorme felicidade quando falam dos seus filhos. O papel das mulheres em Marrocos continua secundário mas mesmo assim, para um país islâmico, a sua libertação às tradições e costumes que a inferiorizam, tem vindo a acontecer.

O trabalho infantil é um problema que existe sem fim à vista. Uma ocasião entrei numa loja de tapetes e numa sala contígua encontrei meninas com menos de 10 anos que não largavam o tear no qual teciam um tapete.      Com algum receio consegui tirar uma fotografia, mas logo fui vista por um dos funcionários que foi algo agressivo.  A minha reacção imediata foi sair dali o quanto antes ignorando-o, e dizer adeus às crianças que por instantes tinham largado o tear, pela curiosidade de estarem a ser fotografadas.
Casablanca, localizada junto ao oceano Atlântico, é das cidades mais bonitas de Marrocos que visitei.  Já foi portuguesa durante 47 anos (1468-1515). Conhecida talvez mais pelo impacto eterno que o filme Casablanca provocou, mas também pela sua imponente Mesquita Hassan II, que possui um minarete de 210 metros o mais alto do mundo, visível até de quilómetros de distância.
Também tive a sorte de ver o Rei Mahomed VI no seu bruto Mercedes. Reparei que o povo adora aquele homem pelas manifestações de afecto que observei, com gritos, cantares e bater de palmas ritmados, para saudá-lo.

Aqui vai um filme, para dar ambiente e imaginarmo-nos em viagem por aquelas terras maravilhosas










domingo, 27 de setembro de 2009

Energias

Actualmente temos 4 tipos de energia:
Fócil
Nuclear
Hidroeléctrica
Renovável

Há quem defenda que a energia nuclear é a menos poluente e os riscos associados são menores pois não emitem CO2, nem provocam doenças respiratórias ou cancerígenas comparativamente às outras energias.

Com os sistemas de segurança actuais e medidas implementadas sujeitas a rigoroso controlo criados para proteger as populações, efectivamente comprovam que desde 1986, ano do desastre em Chernobyl, não houve qualquer outro problema trágico idêntico.

Estudos feitos comprovam que se toda a energia que uma família gasta em sua casa durante um ano proviesse de energia nuclear, os resíduos que produziriam seriam equivalentes em tamanho a uma bola de golf.

O excesso populacional obriga a outras formas de energia e as energias renováveis, obtidas de fontes naturais capazes de se regenerar por meios naturais, poderão não ser suficientes para uma população mundial de 6000 milhões de pessoas.

Existem as seguintes energias renováveis:
Solar - gerada pela luz do sol;
Eólica - gerada pela acção do vento;
Mareomotriz - gerada a partir do movimento das ondas e das marés;
Geotérmica - que se obtém do interior da Terra consistindo no aproveitamento de águas quentes e vapores para a produção de electricidade e calor;
Hidrogénio – que se obtém da combinação do hidrogénio com o oxigénio produzindo vapor de água e libertando energia que é convertida em electricidade;
Hidroeléctrica - energia que se produz em barragens construídas em cursos de água, e
Biomassa - que se obtém durante a transformação de produtos de origem animal e vegetal para a produção de energia calorífica e eléctrica. Na transformação de resíduos orgânicos é possível obter biocombustíveis, como o biogás, o bioálcool e o biodiesel.


No entanto, acho irónico quererem que a população adira às energias renováveis quando as mesmas em Portugal estão a valores incomportáveis. Mesmo com taxas de juro especiais e benefícios fiscais serão precisos muitos anos para se reaver o investimento feito.

E depois o salário mal chega para as obrigatoriedades base de que não podemos fugir, nomeadamente:
- Segurança Social
- Finanças - IRS
- Finanças - IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis)
- Finanças - IVA
- SMAS - Tarifa de Conservação de Esgotos
- SMAS - Conta Saneamento Ambiental (Saneamento Fixo e Saneamento Variável)
- SMAS - Conta Resíduos (Recolha Lixo Fixo e Recolha Lixo Variável)
- SMAS - Tarifa Fixa de Água ou Quota Disponibilidade (ex aluguer do contador)
- EDP - Potência Contratada
- EDP - Taxa Exploração DGGE
- EDP - Contribuição Áudio-visual
- Imposto Único de Circulação
- Seguro Automóvel
- Gás Natural - Termo Fixo (ex aluguer do contador)
- Etc, etc, etc...

 Sermos os pobres da Europa é o nosso fado e se a pobreza não nos mata... não é desgraça ser pobre


Por acaso sabe?

É importante ficarmos a saber a economia feita com a reciclagem:

- 1 Tonelada de papel fabricado a partir de papel usado,são 20 árvores poupadas

- 1 Tonelada de papel fabricado a partir de papel usado, são 2.000 litros de água gastos

- 1 Tonelada de papel fabricado pelo processo tradicional, através de aparas de madeira, são 100.000 litros de água gastos.


sábado, 26 de setembro de 2009

Discriminação social, racial e do gênero

Ser africano no nosso país é automaticamente não ser aceite pela generalidade da população. São sempre os acusados em primeira mão pelos problemas de criminalidade existentes. Não sei se por nosso complexo pelo insucesso da colonização portuguesa em África mas, mais facilmente um proveniente dos países do leste da Europa ou do Brasil é contratado por uma empresa do que um africano, porque as suas competências mesmo com a apresentação de diplomas e experiente curriculum, são sempre postas em causa.

O facto de ter coabitado com um guineense fez-me compreender os problemas e dificuldades por que passam estas minorias, sentir empatia e concluir que apesar disso aprenderam a suportá-las com dignidade. Em diversas ocasiões e na sua companhia pude aprender pela experiência o que é viver situações constrangedoras que me revoltaram de facto, como quando tivemos um acidente de automóvel provocado por outro automobilista em que o próprio polícia teve uma postura de acusação imediata só pela côr de pele do meu companheiro. Mais tarde ao remetermos o acidente a tribunal, confirmou-se a responsabilidade do outro automobilista, talvez porque nos papéis não existem cores de pele.

Os estereótipos muitas das vezes preconceituosos representam uma falsa imagem social, seja das mulheres, homossexuais, estrangeiros e outros que são objecto de discriminação no trabalho, na família e na sociedade.

Torna-se ainda mais inadmissível quando é a própria comunicação social a passar essa ideia através da publicidade e reportagens jornalísticas, não ajudando à mudança de mentalidades e atitudes em relação à igualdade a que todos temos direito em todos os domínios da vida social.

Observamos que a comunicação social muitas das vezes em vez de contribuir para a mudança de atitudes e mentalidades na sociedade, pelo contrário exibe programas que atentam contra o respeito da dignidade das mulheres ou outras pessoas alvo, e incentiva práticas discriminatórias.

Deveriamos ter a sensatez e sensibilidade em evitar que essas exibições fossem assistidas por crianças, que sem uma mente estruturada absorvem negativamente esses preconceitos, e, podemos lembrar-nos do assassinato de um transsexual, provocado por jovens que com ideias discriminatórias que absorveram, não tiveram na sua atitude o mínimo respeito pela vida humana.

E SE TUDO MUDÁSSE E NÓS BRANCOS PASSÁSSEMOS A SER OS DISCRIMINADOS




ACONSELHO ESTE DOCUMENTÁRIO, INTERESSANTÍSSIMO, SOBRE AS MUDANÇAS QUE ESTÃO A ACONTECER NA ÁFRICA DO SUL.
Passou a ser assunto incomodativo no momento que agora são os brancos a sofrer na pele aquilo por que passaram e passam os negros


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Velhice

O avanço da medicina tem como resultado uma velhice adiada, principalmente nesta era de culto da beleza jovial e do novo, originando uma alteração nos comportamentos a ponto de assistirmos na última década ao milagre da maternidade em mulheres de idade avançada.

A velhice, a acentuação do processo degenerativo do corpo, é um período dramático da vida em que se vão perdendo faculdades tanto mentais como físicas, devendo ser tremendamente perturbador à pessoa que as vive e tem noção da sua diminuição crescente.

O facto de alguém se tornar dependente de familiares para simples tarefas em que se vêm senão como fardos, dá lugar a depressões em que os idosos perdem completamente a vontade de viver. Nessas alturas muitas famílias ou porque trabalham e não têm tempo para se dedicarem ao familiar idoso, que não dá senão trabalho, resolvem os seus problemas internando-o num Lar, onde ali ficam depositados até ao fim dos seus dias sem qualquer actividade que os mantenha interessados no dia de amanhã.

A velhice é o culminar da vida vivida, o fim do futuro, a recta final e este conceito errado faz-me lembrar um programa que deram num canal de TV, sobre uma fábrica nos EUA que tinha recentemente imenso sucesso no mercado, com uma carteira de encomendas significativa.

Ao entrevistarem o gerente da fábrica foi surpreendente saber que ao fim de alguns anos de labuta fabril em que tendo funcionários jovens a fábrica não evoluía, porque não conseguia produzir as encomendas atempadamente devido à irresponsabilidade e ao absentismo do pessoal, a juntar à sua pouca produtividade. Para solucionar o problema o gerente resolveu despedir todos os funcionários e contratar idosos alguns já reformados há anos. O exemplo de que esse gerente mais se orgulhava, era da sua secretária uma senhora com perto de 80 anos, que sem medo foi obrigada a utilizar o computador pela primeira vez e era duma eficiência extraordinária.

Nenhum desses funcionários “novos” faltavam e de tal maneira interessados no trabalho que executavam, como prova de que ainda eram válidos, a fábrica passou a produzir mais e efectuar as entregas das encomendas nas datas acordadas.

Por cá temos o bom exemplo de muitos idosos que recusando a velhice como o fim de tudo, ingressam em actividades como o regresso aos estudos, trabalho de voluntariado e lazer.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Homossexualidade


A homossexualidade é vista pela igreja como um problema, porque provoca rupturas na ligação real da sexualidade e procriação e vai consequentemente de encontro à natureza. 


Apesar de provas em contrário, para muitas pessoas a homossexualidade é ainda uma doença com as seguintes origens:
- Biológicas: causas endócrinas e genéticas (inclusive cromossómicas)
-Psicológicas: perturbação no desenvolvimento da personalidade devido a um contexto familiar inadequado, que normalmente se estende ao período da adolescência. Uma mãe castradora, por exemplo, facilitaria o aparecimento da homossexualidade masculina e, por sua vez, aquela ausente predisporia a orientação homossexual feminina. 

A partir da década de sessenta, testes médicos e psicológicos foram realizados por conceituadas universidades e centros de pesquisa que concluiram não existirem dados científicos capazes de defini-la como um problema de saúde. Finalmente, em 1974, a Associação Americana de Psiquiatra retirou a homossexualidade do seu código de patologias que passou a ser considerada como uma alternativa de expressão sexual, tendo posteriormente, quase todos os países acompanhado esta iniciativa. 


A homossexualidade passou a ser definida como preferência sexual a fim de rebater a psiquiatria tradicional que a considerava como uma perversão ou desvio. Em todo o caso, pode-se designar homossexualidade como a atracção sexual, emocional e afectiva de pessoas de um género por pessoas do mesmo género.


Cada vez mais se entende que esta orientação sexual, não é uma questão de escolha, ou seja, não se escolhe ser homo, hetero ou bissexual. É-se, apenas e tão só, embora permaneçam desconhecidas as causas desta preferência.  Anos atrás, sobre este assunto, questionei alguns amigos homossexuais que de facto me confirmaram, desde as suas primeiras lembranças de infância, sentirem-se diferentes, reconhecendo terem começado a sentir atracção física por amigos do mesmo sexo por volta dos nove anos.


Existem várias teorias científicas que definem a homossexualidade como não sendo um vício nem uma variante cultural, assentando numa base estrutural existente no sistema nervoso central, em que as diferenças ocorrem na fase embrionária, apesar de existir a possibilidade complementar que é a predisposição genética, transmitida aos filhos por via materna. Também em 1991 surgiu um estudo polémico sobre um "gene gay" baseado num grupo de células no hipotálomo cerebral, que é duas vezes maior em homens heterossexuais do que em gays.

A homossexualidade não deixa de ser extraordinária pois já conheci na mesma família dois irmãos homens que tinham dois primos direitos todos homossexuais, assim como noutra família um casal de irmãos, homem e mulher, ambos homossexuais.

Estatísticas revelam que a homossexualidade existe, em cerca de 4% para os homens e 2% para as mulheres, mas pessoalmente considero que estas percentagens estão muito aquém e acredito que sejam superiores. Ao frequentar a vida nocturna e, ao passearmos por bares e discotecas, verificando o comportamento das pessoas, tiramos muitas conclusões àcerca das suas preferências sexuais.

Há alguns anos conheci o primeiro travesti português de seu nome artístico Diva Corleoni e de nome real António. Era um homem extraordinário que me levou a conhecer a noite gay de Lisboa. Conheci o bar-discoteca Finalmente, no Príncipe Real, em que os espectáculos eram fabulosos, de homens envergando belos vestidos e perfeitas maquilhagens transformando-se em divas da canção, com imitações magistrais das cantoras Shirley Bassey, Barbara Streisand, Lisa Minelli e outras.


Este espaço, particularmente durante a tarde e antes do início dos shows, tinha um ambiente muito bas fond em que assisti a “namoros” entre homens casados que chegavam dos seus empregos e rapazes que se encontravam ali para se prostituirem. Conheci também a discoteca Trumps, a discoteca Brick, o bar 106, o restaurante Os Balões e outros. Estes espaços apresentavam-se sempre na lotação máxima, com poucos como eu a frequentá-los, por isso concluo que a percentagem de homossexuais é muito superior à divulgada.

Também durante alguns anos, frequentei o Festival de Cinema Gay que me ajudou a compreender as diferenças em todos nós. Especialmente o realizador espanhol Pedro Almodovar realizou filmes excelentes, onde retrata a vida e os problemas reais por que passam os homossexuais.

Pessoalmente atrevo-me a opinar, pela convivência com alguns amigos com esta preferência sexual, que o homossexual é em parte o homem ideal, no sentido de serem mais sensíveis a pormenores que o heterossexual nem repara. Esses meus amigos, não deixando de serem muito masculinos, não se inibem de executar qualquer tarefa caseira por tradição atribuida à mulher e que o heterossexual  recusa realizar por algum egoísmo e talvez ainda machismo.

Ao que se sabe, conta a história de Portugal, tivemos dois reis homossexuais:
 ·         D. Afonso VI, que escreveram ter sido talvez o rei mais humilhado da nossa história, por não ter cumprido o seu papel de dar um sucessor ao reino. Foi sujeito a todo o tipo de diligências assistidas e vistorias sexuais do mais sórdido, em que literalmente metiam na sua cama mulheres que posteriormente faziam um relato pormenorizado da sua “impotência”, concluindo que o rei “não é para ter ajuntamento com mulher alguma”. Acabou desterrado em Angra do Heroísmo, morrendo mais tarde no Palácio de Sintra com apenas 40 anos, e

·       D. João VI, que detestava a esposa D. Carlota Joaquina, ficou para a história como homossexual, pois segundo testemunhos da época, tinha uma relação privilegiada com um camareiro a quem tratava por “meu amor”.