Deve ter sido grave a avaria, para a EDP só ter conseguido resolver o problema tantas horas depois.
Em Setembro houve algumas faltas momentâneas de electricidade e num dia chegou a faltar durante 18 horas, um exagero para um país que se diz civilizado. De nada serve pagarmos uma electricidade das mais caras, quando o serviço tem destas falhas.
É que não se faz nada sem electricidade e este episódio que nos privou da TV, da Net, de Fazer Bolos e etc, fez com que os vizinhos viessem à rua conversar.
Fiquei a conhecer o Christopher, belga, que com mais 3 amigos vieram pela primeira vez a Portugal passar duas semanas de férias, aqui na Junqueira, alugando uma das vivendas do condomínio em frente da minha casa.
Andam pelos trintas e preferem o campo à confusão da cidade, dizem eles. Achei até estranho pelo seu modo de trajar tão moderno e cortes de cabelo arrojados. Ainda nem sabem se irão conhecer Lisboa. Dei-lhes umas dicas para atiçar o desejo e parece que os convenci a lá irem passar pelo menos os últimos 3 dias de férias.
Falou-se um bocadinho de tudo.
Segundo contaram os políticos da Bélgica também são uma cambada de corruptos e o país encontra-se nas lonas como o nosso. Mas mesmo assim frisou e sabem que, com os ordenados medianos na Bélgica, conseguem fazer uma vida melhor que nós por cá com os nossos ordenados medianos.
Mais tarde apareceu a Karen vizinha do fundo da rua, também belga e casada com um holandês. Vinha preocupada, porque o congelador do seu frigorífico já começava a pingar. Queria telefonar para o número da assistência técnica impresso nas facturas da EDP, e ouvia a mensagem que o número não estava atribuído. Avisei-a que a Júlia, outra vizinha, já tinha telefonado e pediram-lhe para ligar mais tarde, sem mais justificações.
Conversa sobre conversa, lá desenferrujei o meu inglês, muito destreinado desde que deixei de viajar.
Entretanto como não havia nada em casa para fazer, andei pelo jardim a arrancar ervas e também a aparafusar a minha caixa do correio que caiu do muro.
Nestas voltas apanhei duas molhas de ficar com a roupa a pingar, apesar de ter vestido uma capa plástica.
Por fim, dei de comer aos meus peixinhos e quando entrei em casa veio a electricidade, bem vinda com um grande alarido pelo Christopher e os seus amigos.
Viver no campo trás esses problemas. Não devia ser assim.
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