quarta-feira, 16 de junho de 2010

Na China: o primeiro projecto de lei contra a crueldade animal


Num parque de vida selvagem, fora de Pequim, uma dúzia de leões batalha por uma galinha viva atirada para o recinto por um turista que pagou 3€ pelo privilégio.
A sirene toca e três carros com tracção às quatro rodas entram em acção, para separar os animais e restaurar a harmonia no recinto até a próxima refeição.
"Foi assustador", diz um visitante, "Mas foi muito emocionante, muito divertido", acrescenta a amiga, que faz parte de um grupo de turismo do parque Badaling.
Atirando animais vivos para os leões é uma atracção popular. Por 50€, os visitantes podem alimentá-los com um bode vivo.
Práticas questionáveis como estas, vistas em jardins zoológicos pela China, contribuiram para o governo produzir o primeiro projecto de lei de protecção animal.
"A China tem sido assolada por uma série de escândalos que revelaram as más condições em muitos dos parques de vida selvagem do país.
Nos últimos meses, 11 tigres siberianos em risco morreram de fome num parque sem dinheiro, na província nordeste de Liaoning que alimentava-os com ossos de frango e outros dois foram baleados depois de terem atacado um trabalhador.
Alegações de que o zoológico tinha colhido partes dos animais mortos para fazer tónicos lucrativos para a virilidade causaram um clamor, mesmo numa nação onde o comércio ilegal de partes de animais prospera devido à sua crença de benefícios medicinais.
Na província de Heilongjiang próxima de Pequim, em Março, as autoridades também descobriram uma vala comum de animais - incluindo leões, tigres e leopardos - que morreram de doença e desnutrição num parque de vida selvagem.
"Isso atingiu as manchetes e chocou muitos chineses, mas é a ponta do iceberg" disse Paul Littlefair, que supervisiona os programas internacionais da Real Sociedade para a Prevençãi da Crueldade contra os Animais britânica, com foco no Leste da Ásia.
"Muitos dos animais são geralmente desnutridos e podem deteriorar-se lentamente durante um período de tempo e estarem sujeitos a problemas de saúde, sem terem apoio  veterinário." Embora a alimentação viva e ao vivo em Badaling ter atraído controvérsia, jardins zoológicos em grandes cidades como Pequim e Xangai têm melhores condições desde a última década.
O Jardim Zoológico de Pequim abriu um recinto para o elefante muito maior e as lontras que viviam em cimento desfrutam agora de um ambiente natural com cascatas.
"Temos enfatizado repetidamente que os jardins zoológicos deve ser para o bem público, o governo deve administrá-los".
"Os proprietários privados ficam com todo o dinheiro, pagam mal aos seus trabalhadores e investem muito pouco dinheiro nos animais, apenas para os manterem vivos, o seus objectivo é o lucro.
Gabriel a directora regional da Ásia para o Fundo Internacional para o bem-Estar Animal, acrescentou que os animais foram muitas vezes expostos a abusos por parte do público.
"As pessoas costumam gritar, atirar objectos e lixo para alimentar os animais", disse ela, citando o exemplo de um estudante universitário que derramou ácido no poço do urso no Zoo de Pequim em 2002, ferindo vários animais.
De acordo com Gabriel, houve pequenas melhorias em alguns estabelecimentos que removeram letreiros:  "a vesícula biliar do urso é boa para a medicina e as peles de tigre são boas para fazer tapetes."
Os peritos dizem que as leis que regem o tratamento dos animais em cativeiro são extremamente necessárias.
Um projecto de lei de protecção dos animais está a ser discutido, mas não deverá entrar em vigor por vários anos.
A proposta inclui uma cláusula que proíbe a alimentação de presas vivas e outra que estabelece que um estabelecimento onde os animais estão a sofrer devido à falta de fundos será multado se não comunicar a situação ao governo.
Aumentar a consciência pública é fundamental na luta pelos direitos dos animais.

Este filme impressionou-me e chocou-me ouvir vozes de crianças a assistirem a tamanha crueldade.


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