Desde a semana passada que perdi a conta às vezes que acompanhei a minha irmã ao IPO e Hospital da Luz.
Amanhã ela irá fazer o penúltimo exame, antes de iniciar a quimioterapia que afinal só acontecerá no próximo dia 1 de Junho.
O último exame médico será dia 30 deste mês.
Foi uma catrefa de exames a que a minha irmã se sujeitou, para avaliarem o ponto de situação da sua doença assim como a sua resistência ao tratamento de quimioterapia. Foram análises, RX, electrocardiograma, medulograma, TAC e sei lá que mais.
Foram tantos, que agora precisamos de um saco para meter lá todos os envelopes.
O primeiro tratamento de quimioterapia demorará 6 horas. A continuação do tratamento, através de comprimidos, será feito em casa porque o hospital não tem vagas.
Fico admirada pelo ânimo e força de vontade da minha irmã. Continua com a genica do costume e parece, ou disfarça bem, que nada a vai abalar e ainda bem que é assim.
Durante as horas de espera no IPO, dei conta duma realidade para mim desconhecida. Nunca pensei que existissem tantas pessoas com cancro.
Esta doença não escolhe nem idade nem género.
Na sala de espera, reconhecem-se os doentes pelos cabelos rapados, cabeças cobertas com lenços ou perucas.
Na espera de hoje vi uma miúda que nem 20 anos deveria ter, completamente carequinha mas com um boné moderno e umas olheiras impressionantes.
Até uma velhinha que quase não se aguentava em pé, lá estava sózinha e sem cabelinho nenhum.
É tremendamente deprimente aquele ambiente porque ficamos cientes das tragédias familiares que esta doença provoca, de um desgaste brutal todo esse processo de luta que se trava para sobreviver.
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