sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Matança de leões na África do Sul, autorizada pelo governo

 Kevin Richardson, cineasta, com dois dos seus leões

A cada ano, leões são criados em cativeiro na África do Sul e em seguida soltos em áreas fechadas onde os caçadores, muitos dos Estados Unidos, matam-nos a tiro.
Cerca de 1.000 leões em cada ano, é o tema de um filme a que o realizador Kevin Richardson chama de abate, e não desporto.
Este filme irá estrear nos EUA esta sexta-feira esperando que dê às pessoas outra opinião sobre tais caçadas.
''Eu só não consigo entender como alguém poderá querer disparar sobre um leão que está claramente confinado a um espaço ínfimo com absolutamente nenhum raio de esperança de escapar ao caçador'', disse Richardson.
''White Lion'' é um filme sobre um leão branco raro, que em filhote é expulso  pela família por causa da sua cor. Ele está à beira da inanição, quando faz amizade com um velho leão, que lhe ensina os caminhos da vida selvagem. John Kani, actor e dramaturgo, é o contador da história. Um jovem ajuda o leão, cujo nome é Letsatsi, porque a sua tradição tribal Shangaan diz que um leão branco é o mensageiro de Deus e deve ser protegido.

Os troféus de caça são um grande negócio na África do Sul, no valor de 66 milhões de euros por ano, segundo a Associação de Caçadores Profissionais da África do Sul, e turistas estrangeiros pagam até 30 mil euros para filmar um leão.
O governo promove a caça como fonte de receita e apelida-a de ''utilização sustentável dos recursos naturais.'' e os governos provinciais vendem licenças permitindo que os caçadores possam matar rinocerontes, elefantes e mesmo girafas.
Em 2008, os caçadores mataram 1.050 leões, último ano para o qual existem dados disponíveis e 16.394 caçadores estrangeiros - mais da metade dos Estados Unidos - mataram mais de 46 mil animais até Setembro de 2007.
Quase todos os leões caçados sob licença na África do Sul são criados em cativeiro. Mas um novo relatório dos Direitos dos Animais em África diz que os animais que vagueiam fora do enorme parque nacional de Kruger em reservas particulares vizinhas tornaram-se boas presas para este desporto.
Cerca de 3.600 leões foram mantidos em instalações de criação em 2009, para serem vendidos a jardins zoológicos, fazendas e safaris de caça.
Richardson, o realizador de cinema, tornou-se amigo primeiro de um par de filhotes de leões no Parque Leão fora de Joanesburgo 12 anos atrás, quando os filhotes tinham 6 meses e ele tinha 23 anos.
Hoje, Richardson cuida de 39 leões nos seus 800 hectares “Reino do Leão Branco” em Broederstroom, a uma hora e meia de carro de Joanesburgo, onde o filme foi feito.
Os leões são notívagos e passam a maior parte do dia dormindo, assim as filmagens estavam limitadas a um par de horas no período da manhã e outras duas no período da tarde.
O leão Letsatsi foi retratado por vários leões diferentes ao longo dos quatro anos, o tempo que levou a fazer o filme. 

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