Cientistas norte-americanos descobriram uma mulher com uma rara doença cerebral que faz com que ela não tenha medo de nada, nem uma enorme serpente à espreita perto de seus filhos, nem uma faca no seu pescoço, e certamente nem sequer um filme de terror.
A mulher não pode experimentar o medo devido a uma doença que destruiu parte de seu cérebro, a amígdala, onde os investigadores acreditam que o sentimento de medo é feito.
Durante as últimas duas décadas os pesquisadores têm vindo a analisar a mulher, em busca de pistas sobre a sua condição, que segundo eles poderá ajudá-los a tratar o transtorno do stresse pós-traumático, particularmente em soldados que regressam da guerra.
É notável que ela ainda esteja viva", disse o autor do estudo que foi publicado na revista Currente Biology, acrescentando que "A natureza do medo é a nossa sobrevivência e a amígdala ajuda a manter-mo-nos vivos evitando situações, pessoas ou objectos que possam colocar a nossa vida em perigo".
Em vez de medo, a mulher, cuja rara condição é conhecida como doença de Urbach-Wiethe, descreve "um enorme sentimento de curiosidade."
Para testar a sua reacção, os pesquisadores levaram-na a uma loja de animais de estimação exóticos cheios de aranhas e cobras, animais que ela sempre disse que "odeia" e tenta evitar.
Ao entrar na loja, a doente, foi espontaneamente atraída para as cobras parecendo visualmente cativada pela grande colecção de cobras, tendo segurado e brincado com uma durante uns minutos, enquanto o seu comportamento verbal revelava um grau comparável ao fascínio e curiosidade.
Quando ela aproximou-se de uma tarântula, teve de ser interrompida porque havia um alto risco de poder ser mordida.
Quando questionada por que razão iria querer tocar em algo que ela sabe que é perigoso e que ela diz odiar, a mulher respondeu que a curiosidade superava esse pensamento.
O filho mais velho da mulher, que está nos seus vintes, disse aos investigadores que não se lembrava alguma vez ter visto sua mãe com medo de algo.
Lembrava-se de um caso em especial da sua infância, quando ele brincava com seus dois irmãos e viram perto uma cobra grande.
A mãe simplesmente correu até lá, pegou na cobra levando-a para a rua, pô-la nas ervas deixando-a ir em seu caminho.
Outras experiências foram elaboradas pelos pesquisadores, como levá-la a uma casa assombrada, onde se encontravam pessoas vestidas de monstros e fantasmas a saltaram da escuridão, e mostrando-lhe uma série de vídeos assustadores, tendo ela reagido rindo e tentando falar com os monstros, considerando os filmes de terror excitantes e divertidos.
Os investigadores esperam que a experiência desta mulher possa ajudar a tratar pessoas com transtorno de stresse pós-traumático, particularmente no tratamento de soldados dos EUA que voltam do Iraque e do Afeganistão.
As vidas dos soldados são marcadas pelo medo, e muitas vezes, são incapazes até mesmo de sair das suas casas devido ao sentimento sempre presente de perigo.
Ao entender como o cérebro processa o medo, poderemos um dia ser capazes de criar tratamentos que alvejam selectivamente as áreas do cérebro que permitem que o medo tome conta das nossas vidas.
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