Com bandeletes de brilhantes e cuidados simples, Claudia Martinez suaviza os limites do sofrimento para algumas das vítimas do terramoto no Haiti.
A dominicana de 31 anos, atravessou a fronteira do seu país para atender dezenas de pacientes no hospital, para com ternura pentear e trançar os cabelos gratuitamente.
Carregando uma cesta cheia de elásticos coloridos, um pote de vaselina e um pente, Cláudia vem todos os dias para o hospital de Santo Domingo Contreras Dario onde os haitianos feridos com ossos quebrados e vidas destroçadas começaram a chegar logo após o terramoto de magnitude 7,0 que devastou a sua terra natal.
A sua tarefa pode parecer trivial, mas ela acredita que a recuperação com um pouco de beleza e humanidade a pessoas que perderam tudo e sobrevivem em condições deploráveis é importante.
Cláudia Martinez diz que quer fazer as pessoas sentirem-se ''limpas e um pouco melhor.''
Mais de 150 haitianos preenchem a unidade de trauma do hospital, muitos deles amputados ou com lesões na coluna vertebral, com gesso ou ligaduras. Os médicos fazem horas de trabalho contínuo para cuidar dos feridos e as camas extra encontram-se nos corredores. Os gemidos e gritos dos pacientes furam o ar. Muitos perderam as suas famílias e sofrem sozinhos.
''É bom que eles tenham quem os cuide, mesmo que seja apenas com isto,''disse a magra cabeleireira.
O Haiti e a República Dominicana partilham a ilha de Hispaniola, e muitos haitianos trabalham na República Dominicana. Alguns haitianos cruzaram a fronteira para resgatar seus entes queridos.
''Eu gosto quando ela vem,'' disse timidamente Julienne Bilhar de 13 anos, com os cabelos trançados por elásticos coloridos - um sinal claro de que Cláudia passou por lá há pouco tempo. A menina lê um livro de histórias em francês. Ela mostrou como uma barra de metal foi pregada no seu pé, colocada lá por médicos para ajudar a curar o osso para que ela possa andar de novo. Julienne não se lembra de chegar ao hospital, mas diz que se sente afortunada porque a sua mãe está com ela.
Cláudia, que também trabalha numa clínica dentária, disse que começou a pentear e trançar o cabelo em hospitais, em 1992, depois que uma prima sua teve um acidente.
"Um dia eu comecei a pentear o seu cabelo e ela disse que a fez se sentir muito melhor,''disse Cláudia.''Depois disso, eu continuei a ir."
Ela não entende o crioulo falado pelos haitianos feridos, porque fala espanhol -, mas ela diz que comunica-se sorrindo e gesticulando. Às vezes, disse ela, os doentes sorriem-me em resposta à dôr.
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