quarta-feira, 30 de março de 2011

A triste realidade em Lampedusa


Com a crescente tensão na Itália sobre os milhares de imigrantes africanos que chegam da Líbia, as forças da oposição a Kadafi prometeram que iriam ajudar a acabar com o afluxo, caso saiam victoriosos.

Na ilha italiana Lampedusa no Mediterrâneo, onde milhares de imigrantes a maioria tunisinos, chegaram desde o início do ano, os ânimos da população local estão cada vez mais exaltados e a sua natureza hospitaleira esticada ao limite.

Na segunda-feira, várias mulheres da população local acorrentaram-se ao cais de forma a impedir mais desembarques, culpando os imigrantes de crimes recentes, incluindo um assalto e um roubo.

Um jovem recusando identificar-se, disse não ser racista mas que as pessoas simplesmente já não aguentavam a situação. O governo não estava a agir e a população não se sentia segura.

Para desagrado da população, a zona do cais tornou-se num WC a céu aberto, sendo impossível anda na proximidade pelo intenso mau cheiro.

Entretanto, em Lampedusa, a polícia, os funcionários aduaneiros e os paramilitares continuam a controlar a ilha, não deixando que os jornalistas contactem os recém-chegados, que completamente esgotados são logo metidos em autocarros e levados para uma base militar abandonada, na ilha.

Era suposto o governo italiano evacuar grande parte dos imigrante na semana passada, primeiramente 700 por avião e 6000 em seis navios, mas nada foi feito, para além da falta de provisões para estas pessoas que estão no cais.

Muitos consideram vergonhosa esta atitude do governo, pois a sua presença no local limita-se a dois médicos, dois enfermeiros, três instalações sanitárias, uma refeição composta por uma garrafa de água para três, uma sandwiche sem nada e um pouco de arroz.

Lampedusa faz parte do arquipélago das ilhas Pelagie e fica mais perto do norte de África que a Itália continental.

Como consequência, 18500 imigrantes já chegaram desde o início do ano, de acordo com as estatísticas oficiais. Isto comparando com os 4000 em 2010.

Em 2008, a Itália e a Líbia assinaram um tratado de 80 milhões de euros, duramente criticado por grupos de direitos humanos, que as autoridades italianas dizem ter levado a uma diminuição de 94% em imigração ilegal para a Itália.

O governo italiano suspendeu a aplicação do tratado mas teme que centenas de milhares de imigrantes possam chegar a Itália se o regime de Kadafi cair. O próprio Kadafi ameaçou que iria enviar "milhões" de imigrantes para a Europa e a Itália foi forçada a pedir apoio à União Europeia.

Não podemo-nos esquecer que a maioria das pessoas, que chegam traumatizadas pela violência que testemunharam, pela viagem sem condições a que se sujeitaram arriscando a própria vida e a dos seus filhos e mulheres, tiveram de vender os seus bens para poderem pagar a sua fuga.
Se repararem, nas imagens não encontramos pessoas de idade.
Simplesmente ficaram para trás, entregues à sua sorte no meio de outra desgraça.

Sem comentários:

Enviar um comentário