segunda-feira, 31 de agosto de 2009

No Cau

Neste fim de semana, fartei-me de trabalhar no meu jardim da casa que eu e o meu homem mandámos construir perto de Alcobaça.
Adoro a natureza.
Com imenso prazer e interesse continuo desde há anos a ver  a BBC Vida Selvagem e todos os programas que emitem na TV sobre este tema.
Preocupo-me desde que me lembro com os excessos de gastos energéticos, com as alterações climatéricas etc tornando-me por vezes chata  pois continuo a notar  alguma insensibilidade nas pessoas para assumirem novos comportamentos. É tudo muito bonito e toda a gente está muita atenta quando se fala deste assunto mas na prática, as pessoas esquecem tudo voltando aos seus maus hábitos e excessos.
Vou passar a mostrar algumas das minhas plantas que floriram este ano, lindas de mais para serem só vistas por mim.
Também tenho algumas mas poucas árvores de fruto. Particularmente a pereira e a macieira, árvores ainda tão pequenas e já deram frutos. Provei 11 deliciosas pêras e 7 maçãs vermelhas sumarentas e estaladiças.
Adoro andar por lá a arrancar ervas e a olhar para o  céu para mirar um casal de águias que voam vagarosamente em círculos e com o seu piar único a ecoar naquele campo todo. Pena não ter binóculos para poder identificar aquela espécie. Em 3 anos, reparei que só tiveram uma cria e foi em 2008.
Também tenho um Teixo, mas pequeno ainda. 
É uma admiração de árvore para mim, pois a sua longevidade pode ir de 1500 a 2000 anos. 
Há um pormenor sobre o teixo que me fascina. Ao envelhecer o seu tronco poderá fragilizar e tornar-se oco. Como forma de sobrevivência, um dos seus ramos inverte o sentido e entra no solo transformando-se numa raiz, para assim a árvore ter a possibilidade de absorver mais nutrientes.
Também possui uma substância, a taxina, utilizada na luta contra o cancro.
No Cau em crioulo significa, lugar ou casa.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O amor é difícil

Há mulheres que têm imensa sorte no amor, porque mesmo sem investirem grandemente na relação são muito amadas. Por vezes oiço conversas sobre os namorados, companheiros e maridos, que mais parece falarem dos seus piores inimigos. No entanto, essas mulheres mantêm-se sei lá porquê nessas relações, têm filhos, e o que é certo é que os namorados, companheiros e maridos nem dão por nada. É tão estranho pensar que podemos viver com alguém assim.

Eu não tenho muita sorte no amor. Um amigo meu que infelizmente já desapareceu, dizia que nada é para sempre. De facto assim é. Acho que quando se ama de verdade tem-se tendência a uma dedicação excessiva, o que nos desvaloriza perante o parceiro. Será?

Um psicólogo na TV àcerca deste tema dizia: numa relação há sempre o que ama e o que se deixa amar. A felicidade plena acontece quando os dois se amam e isso é muito raro.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Minha viagem ao Paquistão


A ida ao Paquistão foi muito marcante.

A viagem foi muito longa, 2 dias seguidos sem dormir pela necessidade de apanhar três voos.

Fiquei a morar durante um mês com uma família, residente em Lahore no Punjab, com quem tinha vindo a ter contactos pela internet um ano antes, cuja preocupação primordial era a minha alimentação e bem estar.


Esta família que anos antes tinha vivido numa mansão cheia de empregados por possuirem um negócio de venda de tapeçarias, conforme fotografias que me mostraram, vivia agora no limiar da pobreza pela morte súbita do marido e pai, anos antes, com apenas 40 anos. Após a morte do marido a Amee (vestido azul) foi banida do resto da família pelo simples facto de ter ascendência árabe, explicação que não entendi bem se tinha a ver com castas. Sózinha e enganada pelos sócios do marido, que ironicamente eram familiares pelo casamento, teve de suportar todas as dívidas que disseram o seu marido possuir. Valeram-lhe todas as jóias que tinha e num país como o Paquistão, que não dá qualquer estatuto às mulheres, teve de recomeçar completamente só com 4 filhos menores na altura.

Como viúva e sem bens seria agora muito difícil arranjar casamento para a sua única filha que não tinha qualquer dote. Mas ao fim de algum tempo, conseguiu casá-la com um sobrinho e primo direito da filha, comerciante de frutas de profissão. A sua filha Kazma (vestido laranja) tinha sido a melhor aluna do colégio inglês onde tinha estudado e por isso convidada a lá leccionar. O seu marido (à direita na foto) desde sempre opôs-se, batendo-lhe frequentemente, mas sem conseguir os seus intentos. Kazma conseguia sózinha, cuidar dos filhos, do marido e sogros e ainda dava aulas no colégio inglês.

Observei que a mulher paquistanesa da classe média baixa, quando casa, vai viver para a casa dos pais do marido e, literalmente, passa a ser a criada da família. Todos as tarefas caseiras têm de ser feitas por ela, sem auxilio de ninguém.


O Paquistão é um país lindíssimo, muito pobre mas em que as novas tecnologias de informação estavam em muito avançadas. A internet era de fácil acesso em qualquer pequeno café e tinha um custo baixíssimo mesmo para os locais. O telefone fixo em casa funcionava sem assinaturas e através de cartões recarregáveis.

Os medicamentos não eram vendidos às caixas, mas só na dose certa para o tratamento da doença, como constatei numa ida ao hospital por uma alergia que contraí.

Entendi que a única ambição na vida de um jovem é o casamento. Nessa família havia 2 irmãos a terminar licenciaturas de economia e gestão e ambos comentavam que todos os jovens após o curso, arranjavam emprego e logo após tratavam de casar. Quando lhes perguntei porque não gozavam a vida por serem tão jovens antes de constituirem família, ambos ficaram como que estupefactos porque não entendiam a extensão da minha pergunta. O conceito de gozar a vida simplesmente não existe. Não têm namoradas pois a religião nem a tradição o permite e os casamentos são combinados, sendo permitido a união entre primos direitos. Mais tarde li que estes casamentos consanguineos geram muitos filhos microcéfalos, mais que em qualquer parte do mundo.

No Paquistão têm uma ideia generalizada e muito negativa àcerca das mulheres europeias que consideram umas libertinas. Excepção feita às alemãs, mulheres enormes e muito feias que os paquistaneses iam literalmente buscar a aldeias recôndidas na Alemanha. Segundo comentavam eram excelentes donas de casa, muito submissas, davam muitos filhos sendo muito boas mães. Comprovei esse facto observando algumas famílias mistas com que me cruzei e não pude deixar de pensar que a descrição que faziam dessas alemãs era como se de animais de raça se tratassem, pelo rendimento familiar obtido com esse tipo específico de mulher.

A parte que menos me agradou foi a impossibilidade de andar sózinha nas ruas. Tive a oportunidade de viajar até à capital Islamabad, onde encontrei a cada passo imensos pedintes, depois a Peshawer uma cidade que não consegui visitar convenientemente. Em Peshawer, que fica no norte do país e perto do Afeganistão, reparei que não havia muitas mulheres na rua e apesar de ir acompanhada com um dos filhos da família que me acolheu, na rua, os homens, velhos e crianças formavam uma roda à minha volta e miravam-me como se eu fosse um bicho raro o que por vezes era assustador. Fui obrigada a apanhar o autocarro mais cedo para me levar ao norte do país à bela cidade de Murree, onde respirei o ar mais puro na minha vida, nos himalaias na cachemira paquistanesa.


Não existia a recolha de lixo, a mesma era assegurada por búfalos, cabras e ovelhas que ao passarem pelas ruas iam comendo os restos de alimentos e verduras nos locais onde eram amontoados. Não havia problema para os animais já que os lixos não continham resíduos de plásticos, embalagens ou outros do género, pela pobreza dos seus habitantes que não tinham poder de compra para consumir produtos sofisticados de embalagens atraentes.

Na cidade de Lahore, os jardins, vedados aos mendigos, eram diáriamente cuidados por legiões de funcionários camarários. Nesses jardins, onde era permitido aos seus visitantes colher flores, existiam lagos de pouca profundidade, onde maravilhada contemplei e ouvi grandes bandos de corvos e falcões a banharem-se. Tive a oportunidade de visitar os belos jardins "Shalimar Gardens", construidos em 1642 por Shah Jahan, quinto Imperador da dinastia Mongol.

A alimentação paquistanesa que apreciei bastante, bem diferente da hindu pois não abusam do caril, continha imensas especiarias e era extremamente picante. Quando já não suportava o desconforto na boca do efeito do picante, davam-me pedaços de maçã crua que eu mastigava e o alívio era imediato.

Não havia talheres pelo que agarrávamos a comida com pedaços do seu pão raso e mole a que chamam de Nan. Também provei carne de camelo que tem um sabor único e muito bom. O leite saborosíssimo, gordo e cheio de nata que bebíamos era de búfala, porque lá não existem vacas leiteiras. Gostei muito também de cana do açúcar, que se guardava no frigorífico lavada e partida em pedaços, muito refrescante naquele clima quente, quando mastigada para se sugar o seu interior.

Quando viajei pelo país, para comer tinha de recorrer aos vendilhões na rua. A comida aí era confeccionada por vezes com alguma falta de higiene mas aparentando ser deliciosa. Concluí que uma pessoa com fome acaba por habituar-se e tudo acaba por lhe saber bem.


Uma curiosidade, neste país com um trânsito automóvel caótico as prioridades funcionavam para quem tivesse uma buzina mais potente que era accionada metros antes dos cruzamentos. Parecia que os automóveis iam embater uns nos outros, mas, miraculosamente isso nunca acontecia.

Quando cheguei ao Paquistão, celebrava-se o início do Ramadão. Pensei que ia ter problemas e não poder alimentar-me convenientemente pelo jejum a que estão sujeitos nessa época religiosa, mas não foi o caso. As refeições eram tomadas enquanto não houvesse luz solar. Uma ocasião numa pastelaria comprei um bolo e um empregado com maus modos convidou-me a sair do estabelecimento. Rápidamente, Qasim entrou em minha defesa, porque sendo eu estrangeira e católica, não estava sujeita às leis do Corão.
Pelas manhãs era despertada pelos cânticos nas mesquitas a que chamavam Azan. O Azan é o chamamento que anuncia o início da oração, mas parece que nos embala pela sua doçura. Estes cânticos começavam sempre por “Allah Akbar” uma expressão em árabe que significa "Deus é grande". Para recordar essa sensação única de ouvir o Azan, recorro ao Youtube.




terça-feira, 25 de agosto de 2009

Manuscrito de MEGUMI MATSUZAWA


Em 1997 tive a oportunidade de viajar até Macau. Queria lá ir antes da transição de Macau para a China, que aconteceu em 19.Dezembro.1999.
Foi um voo muito longo de cerca de 11 horas de Amsterdão a Hong-Kong. No avião as pessoas dormiam espalhadas pelo chão. No WC nem se podia entrar pois era uma autêntica pocilga.
Não fui sózinha, mas acabei por ficar no 3º dia. Não aguentei mais a amiga de uma amiga com quem fui e que me infernizou esses primeiros 3 dias. Resolvi afastar-me, tendo tido a sorte de conhecer 3 amigos vizinhos dessa amiga da amiga que eram de Carcavelos e com os quais visitei vários locais em Hong-Kong nos seus últimos dias de estadia.
Numa das minhas voltas solitárias, entrei no Jardim Lou Lim Leoc, não muito grande em espaço e lindíssimo, a não perder para quem fôr a Macau.
Na casa principal do jardim estava a decorrer uma exposição e, no meio de aguarelas e desenhos encontrei um papel manuscrito que pelas letras do abecedário persuadia-nos assim:


Aspire to reach your potential


Believe in yourself


Create a good job


Dream about what you might become


Exercise frequently


Forgive honest mistakes


Glorify yourself and others


Imagine great things


Joyfully live each day


Kindly help others


Love one another


Meditate daily


Nurture the environment


Organise for harmonious actions


Praise performance well done


Question most things


Regulate your own behaviour


Smile often


Think rationally


Understand yourself


Value life


Work for the common good


X-ray and carefully examine problems


Yearn to improve